Local da récita:
Cidade: Recife
Datas: 18 e 20 de dezembro
Equipe

Regência: Rafael Garcia

Direção Cênica: Luiz Carlos Vasconcelos

Cenário: Marcelo Garcia

Figurino:

Iluminação:

Orquestra Jovem de Pernambuco

Coro arregimentado

Elenco

Dulcineia: Gabriella Pace (soprano)

Trancoso: André Vidal (tenor)

Dono do Circo: Fellipe Oliveira (baixo-barítono)

Cervantes: Sávio Sperandio (baixo)

Ariano: Flávio Leite (tenor)

Bozo: Saulo Javan (baixo)

A Morte/A Compadecida: Adriana Clis (mezzo-soprano)

Sobre a ópera

Cena 1 – Dono do Circo, Ariano e Cervantes Com a Pedra do Reino ao fundo, o espetáculo é aberto pelo Dono do Circo, “uma espécie de Deus, espécie de Lux in Tenebris no mau sentido”, segundo Solha (2009, p. 3). Na história do picadeiro surgem dois profetas: o próprio Ariano Suassuna e seu ídolo, Miguel de Cervantes Saavedra. Os dois profetizam (cada um cantando em sua própria língua) que dez dragões virão destruir a Pedra num banho de sangue, o que fará acontecer o milagre: a Pedra se abrirá para surgir de dentro dela uma catedral grandiosa e Dom Sebastião acompanhado de sua corte (reis, rainhas e príncipes… dos maracatus). O Dono do Circo ainda esclarece: os dragões são, na verdade, retroescavadeiras.

Cena 2 – Trancoso e Bozo O Dono do Circo apresenta Trancoso (um ator que interpreta Dom Pixote) e Bozo (outro ator que interpreta São Chupança), os quais comentam sobre a profecia. Nas palavras de Solha: Ah, claro que nesse circo fabuloso em que Cervantes nos visita, não poderia faltar a imensa figura de seu superstar Dom Quixote, aqui, na verdade, Pixote, dançando um xote, acompanhado pelo indefectível Sancho Pança, na verdade São Chupança. Tal Quixote-Pixote, no entanto, não poderia limitar sua referência à Espanha, daí que nosso herói não é mais do que uma performance do ator Trancoso, nome que nos remete a Gonçalo Fernandes Trancoso, o pioneiro da contística lusitana, célebre por suas estórias fantasiosas, donde o rótulo de História de Trancoso para todo relato de sertanejo, que não passe de flagrante mentira, como toda esta ópera. (Solha, 2009, p. 3)

Cena 3 – A Morte O Dono do Circo apresenta a vilã, A Morte, cuja missão é destruir a Pedra para acabar com o fanatismo. Trancoso sonha com Dulcineia. A Morte avisa: vai dinamitar a Pedra do Reino e desmantelá-la com suas escavadeiras sombrias. O Coro do Povo responde com fé.

Cena 4 – A Compadecida Ocorre uma revelação a Trancoso, que Solha descreve: […] e eis que Trancoso, em lugar de botar na cabeça a bacia de barbeiro (que é o elmo de Quixote), põe, por engano, o chapéu de Lampião, com o que imediatamente entra em transe […] e o que vê e vemos com ele? A fabulosa Pedra se abrindo, revelando a maravilhosa Catedral que há dentro dela, da qual saem a Compadecida e seu coro de anjos para falar com nosso ator. E o que ela quer com ele? Que lidere o povo contra a Morte e suas tropas [levando-o para proteger a Pedra], prometendo-lhe, em troca, Dulcineia! (Solha, 2009, p. 3)

Cena 5 – Dulcineia Ariano e Cervantes entram com Dulcineia, que se pergunta por que foi a escolhida. Para ser desviada de seus pensamentos acerca de seu futuro sombrio, Dulcineia é distraída com um Frevo.

Cena 6 – Encontro de Dulcineia e Trancoso Trancoso e Dulcineia finalmente se encontram. Solha (2009, p. 3): “Não há dúvida de que o encontro dos dois é uma tremenda maldade criadora de Ariano para o Dono do Circo, pois o casal é logo levado à Morte, a fim de que o sangue dos dois banhe a Pedra que, finalmente, deve se escancarar para o Milagre”.

Cena 7 – Lampião e Maria Bonita No meio da história, Cervantes tem um transe profético (a prefiguração da tragédia): Lampião e Maria Bonita (que são, na verdade, os modelos de Trancoso e Dulcineia) atravessam de barco o rio São Francisco, onde cruzam com uma jazz-band que vem em outra embarcação na direção oposta – há uma jam session no meio do São Francisco. Poucos dias depois, Lampião e Maria Bonita são mortos e degolados na Grota dos Angicos.

Cena 8 – A batalha Ocorre a batalha de Trancoso (liderando o povo) pela Pedra do Reino contra a Morte, as dragas e as tropas – a batalha é perdida.

Cena 9 – O fuzilamento No alto da Pedra surgem Trancoso e Dulcineia acorrentados como Prometeu. Entre eles está Bozo, preso. O Dono do Circo anuncia o pelotão de fuzilamento. Bozo se queixa – queria uma grande ária. Dulcineia e Trancoso proferem suas últimas palavras. O fuzilamento é ordenado pela Morte. Trancoso, Dulcineia e Bozo morrem.

Cena 10 – A ressurreição Finalmente, com o sangue de Trancoso, Dulcineia e Bozo, a Pedra do Reino se abre, e de lá surgem três Bonecos de Olinda: Trancoso com a faixa “El Rei Dom Sebastião Trancoso”; Dulcineia Primeira, como Rainha; e Bozo (um boneco pequeno) como Bufão, dançando maracatu. Vão começar o reinado da grandiosa nação brasileira (e o ciclo reinicia…).